Fernanda Giannasi
Impactos Ambientais
O resíduo do amianto no Brasil tem sido tratado pelos órgãos ambientais ora como inerte, ora como perigoso(quando se trata exclusivamente de importação de resíduos), carecendo, portanto, de uma urgente normatização e uniformidade de sua nomenclatura, tratamento e disposição final, tal como a adotada pela Convenção da Basiléia, que disciplina o "Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos", e que o classifica como perigoso e pertencente à classe Y36. Recentemente o CONAMA classificou o resíduo de construção civil contendo amianto como perigoso e obrigou a sua destinação em aterro industrial para lixo perigoso ou classe I. Aplaudimos tal decisão e aguardamos que esta classificação seja estendida para todos os outros resíduos contendo amianto.
Outra questão polêmica que necessita de um esclarecimento à população leiga é a afirmação corrente de que "não há riscos para a população em geral na utilização de caixas d’água ou tubulações à base de amianto." Em primeiro lugar, é bom que se esclareça de uma vez por todas que falta de garantia de água para consumo humano é um problema típico de terceiro mundo e caixas d’água, por conseguinte, também. Não há, portanto, nestes países pesquisas que comprovem que o uso de caixas de água ou tubulações de cimento-amianto sejam seguros para os seres humanos ou que não fazem mal à saúde. Por outro lado, Richard Lemen e outros especialistas do governo americano, em seu relatório sobre "Riscos de Câncer Associados com Ingestão de Asbesto" advertiram que "o risco potencial não deve ser descartado e a ingestão de fibras de amianto deve ser eliminada sempre que possível". Tal afirmação também está presente no estudo sobre a necessidade de controle das fibras de amianto em abastecimento de água potável, realizado por J. Millete e Kanarek e colaboradores, "Amianto crisotila em água potável transportada por tubos de cimento-amianto", que demonstraram o desprendimento de fibras de amianto, provocado pela corrosão ou "agressividade" dos sistemas de abastecimento, e altas concentrações de fibras na água potável, armazenada em caixas d’água de cimento-amianto nas Ilhas Virgens americanas, com aproximadamente 500 milhões de fibras por litro.
Aconselhamos àquele(a)s que possuem estes reservatórios domésticos que evitem limpezas abrasivas, como por exemplo escovas de aço, realizando-as de modo que não se liberem fibras na água, usando para isto panos umedecidos ou jatos d’água, mesmo que com isto não aparentem tão limpos, e que os substituam por outros de materiais mais facilmente higienizáveis e menos tóxicos, sempre que possível. Portanto, qualquer limpeza deve ser sempre feita a úmido, evitando varrer, lixar, furar e cortar a seco produtos contendo amianto.
Da mesma forma, aconselhamos que os moradores de residências cobertas com telhados de cimento-amianto evitem o contato direto destes com os ambientes internos, usando forros nos locais onde há maior permanência dos moradores, especialmente as crianças, tais como quartos, salas etc., porque estas telhas, sujeitas à ação de ventos e mudanças bruscas de temperatura, se deterioram com o tempo, liberando as leves e finas fibras cancerígenas no ar, que ficam por muito tempo dispersas até que finalmente se depositem e possam ser removidas. Quanto menores as fibras, mais perigosas se tornam. Evitar limpezas com vassouras e outros materiais abrasivos. As pinturas com tinta látex servem como isolante de calor, mas não retêm a liberação de fibras.
A manutenção em encanamentos de cobre e boilers, revestidos de amianto, deve ser sempre precedida de medidas que minimizem a formação de poeira e, se possível, realizando-a a úmido. O amianto foi muito usado nestas instalações e canalizações, como isolante térmico, evitando, entre outras coisas, que os azulejos ou ladrilhos se soltassem devido ao calor dos tubos.
No caso de reforma, demolição ou de substituição de produtos contendo amianto, alguns cuidados adicionais devem ser tomados, tais como: molhar toda a superfície antes de iniciar a remoção, substituição ou demolição para evitar gerar poeira. Recobrir/ensacar os entulhos ou materiais retirados, mantidos úmidos, com plástico, dando umas batidinhas de leve para quebrar em partes grandes para diminuir o volume. Fechar e etiquetar com os dizeres: "Cuidado, produto contém amianto. Não reaproveite porque ele faz mal à saúde. Pode causar câncer".